Transformação digital é um assunto da moda, meia dúzia de cliques em algum site ou rede social e os vídeos e artigos falando do assunto já aparecem, nos apresentando um mundo que passa por uma transição nunca antes experimentada.
Algumas empresas estão surfando nessa onda, outras estão começando a se mexer para não perder o bonde e algumas infelizmente não acordaram ainda.
A vida da maioria das pessoas está sofrendo alterações que muitas vezes são imperceptíveis, pois ocorrem de forma gradual e sutil, mas a mudança está aí. Nossos comportamentos foram modificados e nem percebemos. Há 10 anos, ninguém imaginava sair de casa e voltar com fotos e vídeos no bolso. Há cinco anos, todos já faziam isso e há dois ou três anos todos tiram fotos e vídeos interagindo com o conteúdo, comportamento conhecido como “selfie”.
Alguns canais de TV estão se reinventando, passando pelo processo de “digitização” que envolve um esforço hercúleo por parte de toda a organização.
O que nem todos perceberam, ainda, e que é muito relevante nesse contexto, é que coisas novas não podem ser realizadas através de velhas maneiras, ou seja, não dá para ter um comportamento disruptivo com mentalidade do século passado ou sem usar as ferramentas que fornecem subsídios para encontrar o melhor caminho.
Denis Balaguer, diretor do centro de inovação da EY, uma multinacional de consultoria, diz que todos querem inovar, mas nem todos querem pagar o preço.
Ele não fala de investimento financeiro em tecnologia e ferramentas, e sim de mudanças que atingem o DNA das empresas, mudanças de cultura e processos.
Conforme Balaguer, o cerne da mudança é o propósito.
Uma história que pode ilustrar esse comportamento e suas desvantagens é aquela da gigante multinacional que adquire uma startup tecnológica disruptiva que, através do seu propósito, revoluciona determinado nicho de mercado. Após a aquisição, a nova dona da startup literalmente “afoga” a equipe em processos e métodos burocráticos que acabam sufocando o desejo de agregar valor a alguma coisa e transformando a disrupção e empolgação da startup em mais uma área setorizada que bate cartão e cumpre o horário. Os funcionários vão embora em busca de outro propósito que faça o olho brilhar e que possa melhorar a vida das pessoas.
Agregar valor e mudança de cultura são palavras chaves, estimular a criatividade ao invés de lhe fornecer barreiras é uma ótima prática.
Inovação não é um surto criativo feito por mentes jovens e ociosas, é um processo que pode ser estruturado (sem sufocar) e que com times dedicados e métricas definidas trazem excelente benefícios.
Compreender que os modelos de negócio devem ser ágeis quanto à sua adaptação garantem a adesão e fidelização do cliente, pelo menos enquanto algo melhor não surgir.
Considerar investimentos em inovação apenas para reduzir custos e aumentar a eficiência são armadilhas em curto prazo, que mantêm o negócio no presente, o diferencial é se antecipar e criar a própria estrada, depois que todos estiverem nela, cria-se outras.
Essa mudança toda, só ocorre de dentro para fora, várias dores estão esperando pelos seus lenitivos, mas enquanto ficarmos marcando passo tentando colocar limites, o bonde vai avançando e levando aqueles que já entenderam o que fazer e como se adaptar.

Originalmente publicado no http://www.jornalminuano.com.br/noticia/2019/05/11/inovacao-as-cegas

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